maio1
Fomos visitar uma fenda nas montanhas Helan em Yinchuan. Uma paisagem surreal, muita pedra que parece que foi recortada a mão. Um rio que passa no meio da montanha, uma coisa linda! Sem contar que estávamos no meio do inverno e estava tudo congelado. Tinha uma cachoeira muito alta, que estava completamente congelada (tenho que pesquisar mais, mas acho que ela tem 200m de altura), a água fica igual a um glacê em cima da pedra, paradinha.
Tem uma lenda que diz, que foi um gigante que abriu aquela fenda na montanha e deixou pegadas de pedra no meio do rio. E a mulher que pisar nessas pegadas engravidará. Não sei quanto a gravidez, mas que parece que alguém abriu aquela fenda na montanha, isso parece mesmo! É muito impressionante como as pedras são talhadas, parece que alguém fez aquilo! Quanto a gravidez, saberemos mais tarde, porque eu subi na pegada do gigante…
Esse lugar é um parque fechado, chamado “Helankou Rock Engravings Park”, que você paga entrada para ir. Lá tem escritas nas pedras de cinco mil anos. É um lugar histórico, prova da civilização milenar chinesa. É uma pena o que eles fizeram com o lugar. Não me entenda mal, o parque é muito limpo, bem cuidado e bonito. Mas como um parque, eles deveriam preservar tudo, intacto. Deveriam sim deixar visitantes, fazer passarelas e colocar impedimentos para as pessoas não tocarem nas inscrições, principalmente para não fazerem novas inscrições. Mas o problema é que as passarelas que eles fizeram são todas imitando pedra. Inclusive as lixeiras imitam pedra. As lixeiras são exatamente iguais as pedras do local, são feitas de fibra de vidro para uma imitação perfeita, só com um buraquinho para jogar o lixo dentro.
Em consequência, a gente, que é leigo, não sabe o que é original e o que não é. Não tem como saber se as inscrições nas pedras são milenares ou se foram feitas ontem por um visitante. Coisa bem possível já que não há ninguém do parque olhando. Também não há nenhum anteparo entre as pessoas e as inscrições. Assim, qualquer pessoa pode tocar, raspar, estragar ou mesmo produzir suas próprias inscrições. Na montanha não tem quase nenhuma placa falando sobre as inscrições. Só dentro do museu é que tem placas explicativas dizendo de que época são e por qual povo foram feitas. Mas o museu também segue a linha da fibra de vidro, então também é bem confuso.
Meu marido acabou de me avisar que tinha gente olhando sim. Disse que tinham várias câmeras escondidas em pedras de fibra. Ele foi muito observador, porque eu não vi nada. Não estou dizendo? Não da para saber o que é verdade e o que é mentira. Mesmo que tenham as câmeras, não vi como alguém chegaria a tempo para prevenir um estrago de um visitante, porque o lugar é longe de onde ficam as pessoas. A não ser que tenham guardinhas escondidos em pedras de fibra de vidro…
Deveriam fazer coisas diferentes, como passarelas de madeira, anteparos de vidro… coisa que contrastam com o lugar, que sejam diferentes, que deixariam o lugar bonito da mesma maneira e não deixariam os visitantes confusos, como eu fiquei.
Bom, tirando a revolta contra essas coisas sem noção. A Helan Montain é um lugar maravilhoso. Uma paisagem única. Dessas coisas que a gente nem sabe que existe, mas quando vê, acha que todo mundo alguma vez na vida tem que ir lá.
Seguem mais algumas fotos desse lugar mágico:
Um cabrito montanhês.
Dessa vez um bebendo água num buraquinho no gelo.
Conseguem achar o cabrito aqui?
Montanhas cortadas.
Acabei achando uma câmera nessa foto aqui.
out10
Chegando em Yinchuan, olhando do avião, parece que não tem nada, parece que é só deserto.
Chegamos em outubro e a temperatura estava 13°C. Um frio enorme pra quem acaba de chegar de Yangon, com temperaturas de quase 35°C. Mal sabíamos o que nos esperava quando no pico do inverno passamos por temperaturas de até -21°C.
Me surpreendi com a beleza e a limpeza do lugar. Antes de vir para cá achei que seria tudo muito pobre e sujo… essa era a impressão que tinha da China, com tantas notícias que a gente ouve de trabalho escravo, de pobreza… Mas aqui é completamente o contrário do que eu pensava. Tudo muito moderno, limpo, ruas largas e arborizadas. Muitos parques e espaços abertos com muitas esculturas, flores e luzes coloridas espalhadas pela cidade.
Fiquei impressionada e feliz de saber que estava errada!